Philadelphia (1993)
Por Leandro Calleti
Direito-IMED
“Um filme arrebatador”; assim defini Philadelphia, em meados de julho de 1994, na primeira das incontáveis vezes em que o assisti. Ganhador de dois prêmios Oscar (por melhor ator [Tom Hanks] e melhor canção original [Streets of Philadelphia – Bruce Springsteen]), a produção de Jonathan Demme (que, três anos antes, dirigira o não menos especial The Silence of the Lambs), lançada em 24 de dezembro de 1993, foi uma das primeiras e, dentre elas, a mais importante obra cinematográfica de Holywood a retratar o preconceito com portadores do vírus HIV e com homossexuais.
A assertiva segundo a qual películas inesquecíveis prescindem de uma trilha sonora de igual magnitude é confirmada em Philadelphia, que retrata o drama vivido pelo promissor advogado Andrew Beckett (Tom Hanks) entre canções de Bruce Springsteen (Streets of Philadelphia), Neil Young (Philadelphia) e Peter Gabriel (Lowetown).
Beckett, depois de ser contratado por uma das maiores e mais importantes bancas de advocacia da Filadélfia – que lhe confia um dos mais importantes casos do escritório –, de forma abrupta e aparentemente inexplicável, se vê envolvido em uma difícil situação de extravio de dossiê e perda de prazo. Ato contínuo, é comunicado acerca de sua dispensa. Não por acaso, semanas antes, trabalhara em meio a uma de suas mais severas pneumonias, causada pela debilidade provocada pela AIDS, ostentando, ainda, inúmeras lesões na pele (algumas perceptíveis, na face).
Sabedor de que sua demissão decorria de ação sabotada e, por certo, do conhecimento – ou suspeita – acerca de sua doença e de sua opção sexual, Beckett consulta a família e o companheiro (Miguel, interpretado por Antonio Banderas) sobre a possibilidade de acionar judicialmente a firma de advocacia, advertindo sobre o cenário de críticas e de ofensas que se instalaria. Recebe o apoio de todos e parte em busca de um advogado que aceite o representar judicialmente. Depois de ouvir nove negativas, Backett procura o advogado Joe Miller (Denzel Washington), conhecido por patrocinar causas triviais e pela propaganda apelativa sobre demandas indenizatórias contra o poder público.O que se passa a partir de então é a repetição de cenas que, ainda hoje, infligem milhares de pessoas, no Brasil e no mundo: o périplo do preconceito, da indiferença e do ódio contra homossexuais, portadores do vírus da AIDS e minorias.
Que Philadelphia se constitui em uma das mais tocantes estórias de coragem, contra-força e insubordinação é indene de dúvidas. Meu sentimento, todavia, encaminha uma outra conclusão: a par de tudo isso, Philadelphia fala muito mais de amor, de respeito e de saudade.
