"Crash - no limite" da dignidade (2004)
Leilane Serratine Grubba
Faculdade Meridional
publicado em 10/04/2017
As possíveis relações acadêmicas entre os estudos de Direito e Arte, prioritariamente Direito e Cinema, são múltiplas. O Cinema é uma Arte, disse Agel, a sétima Arte. Uma Arte que apresenta o caráter poético como meio de expressão. Mas o Cinema também é uma forma de linguagem e um meio de comunicação. E como tal, os Estudos Culturais, linguísticos e na História apontam que ele pode ser utilizado como fonte de pesquisa: o Cinema é uma forma de comunicação produzida por um determinado contexto, é uma linguagem que busca representar uma ‘suposta realidade’ e comunicar mensagens aos espectadores. Assim, ele possibilita uma análise comparativa entre situações retratadas nos filmes e situações que possivelmente ocorrem no mundo ‘real’.
A dica de hoje busca atribuir importância ao filme Crash – no limite (2004), dirigido por Paul Haggis e estrelado por Sandra Bullock, Brendan Fraser e Matt Dillon. O filme retrata diversas situações de preconceito na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos. A análise da dignidade à luz do filme Crash – no limite, enquanto estudo de caso, consegue retratar ficcional e artisticamente as relações interpessoais marcadas pelo racismo, xenofobia e sexismo. Trata-se de um filme fértil à análise dos Estudos Culturais, do Cinema como Comunicação e dos Direitos Humanos.
Entendendo que o principio da dignidade humana é o fundamento dos Direitos Humanos e Liberdade Fundamentais, bem como que ele é o fundamento da igualdade da ‘essência’ humana, vedadas quaisquer discriminações de gênero, etnia, procedência nacional ou religião; ele se torna sobremaneira importante à discussão do filme Crash.
O filme, dica de hoje, não apresenta uma história única, isto é, uma narrativa estruturada como início, meio e fim. Ele apresenta histórias interconectadas que são criadas como forma de crítica às relações sociais marcadas pelo preconceito na sociedade estadunidense. Retrata diversas situações aonde aparece a negação da dignidade de algumas pessoas, em razão de preconceitos e distinções de origem racial ou étnica, bem como em razão de diferenças socioeconômicas, de discriminação de gênero e de preconceito fundado na religião. Mais do que isso, retrata diversos personagens que, ao serem oprimidos em sua dignidade, tornam-se opressores. É um filme completo para a discussão da dignidade e do empoderamento de grupos considerados em desvantagens sociais em razão dos diversos preconceitos culturais.