A pele que habito
Vinicius de Oliveira
IMED
Roberto Ledgard é um conceituado cirurgião plástico, que vive com a filha Norma, a qual possui problemas psicológicos causados pela morte da mãe, que teve o corpo inteiramente queimado após um acidente de carro e, ao ver sua imagem refletida na janela, se suicidou. O médico de Norma acredita que está na hora dela tentar a socialização com outras pessoas e, com isso, incentiva que Roberto, seu pai, a leve para sair.Então, leva Norma para um evento, onde lá, ela conhece um rapaz. Em meio aos beijos, o clima esquenta, levando Norma a um surto, que desmaia e permanece em um local de mata. Ao encontrar Norma naquelas condições, o cirurgião pensa que a filha foi estuprada e elabora um plano para se vingar do suposto estuprador. Ao descobrir o paradeiro do suspeito, o cirurgião sequestra-o, e realiza um experimento em forma de vingança: transformar um homem em uma perfeita mulher.
No filme é perceptível as violações dos direitos do ser humano, que causa grande impacto.Além da violação dos direitos à liberdade, dignidade e os demais inerentes à pessoa, observa-se a questão da “vingança com as próprias mãos”, que é um tema atual, onde há ondas de espancamentos, agressões e mortes pela população aos suspeitos de cometer crimes.
A partir de 1988, com a promulgação da Constituição Federal, o sistema acusatório passa a reger o processo penal brasileiro, assegurando ao acusado, entre outras garantias, o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório. Logo, desrespeitar tais máximas nos remete ao período inquisitivo e à barbárie. Assim, legitimar os atos de vingança privada é um sinônimo de regresso e de total desrespeito à Carta Magna, a qual tem como escopo garantir à pessoa a inviolabilidade de seus direitos.